Advogados, no entanto, consideram 'frágil' denúncia feita por funcionária.
MP vai ouvir Antônio Nardoni e Anna Jatobá antes de decidir por inquérito.
Advogados criminalistados consultados pelo
G1
divergiram em relação à abertura de um inquérito criminal para
investigar uma eventual participação do advogado Antônio Nardoni, pai de
Alexandre Nardoni e sogro de Anna Carolina Jatobá, na morte da neta
Isabella, em 29 de março de 2008.
Antônio Nardoni foi citado em novo depoimento sobre o caso da morte da
criança. Uma funcionária do presídio onde Anna Carolina Jatobá está
presa pelo homicídio afirma que o avô de Isabella teria aconselhado seu
filho, Alexandre Nardoni, e a nora a forjarem um acidente no dia da
morte da neta. A nova versão, que teria sido contada à funcionária pela
própria Jatobá, foi apresentada com exclusividade pelo
Fantástico de domingo (7).
Advogado da família Nardoni, Roberto Podval
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Segundo os promotores do caso, a menina foi asfixiada em 29 de março de
2008 pela madrasta e depois jogada pela janela do 6º andar pelo pai,
Alexandre Nardoni. O casal vivia em um prédio na Zona Norte de
São Paulo.
Dois anos depois, Anna Jatobá foi condenada a 26 anos de cadeia e
Alexandre, a 31 anos de prisão. Os dois continuam em presídios de
Tremembé, no interior de São Paulo.
O advogado de Antônio Nardoni, Roberto Podvall, afirmou que a acusação
contra seu cliente é "totalmente sem nexo" e que “não tem lógica
nenhuma”.
“Nós precisamos entender o que que é isso, o que ela falou no
depoimento. Vou ter acesso às informações primeiro e só depois vou ver o
que fazer em relação a essa pessoa que o acusou”, disse.
Para o criminalista Alberto Zacharias Toron, o depoimento da
funcionária do presídio é insuficiente para que tenha início uma
investigação contra Antônio Nardoni. No entender do especialista, o fato
de Alexandre Nardoni ter ligado para o pai para consultá-lo sobre o
ocorrido com Isabella trataria-se apenas de "uma consulta inócua".
"Quando muito teríamos a instigação (por parte do avô de Isabella) para a
prática de fraude processual (tentar encobrir a realidade do crime).
Mas, se este crime (o de fraude processual) existe, já prescreveu",
justificou.
Na visão de outro criminalista, o advogado Leonardo Pantaleão, no
entanto, a informação nova fornecida pela funcionária, cuja identidade
está sendo mantida em sigilo, é motivo, sim, para que um inquérito seja
aberto. "Não se trata de reabrir o inquérito anterior, cuja
materialidade do crime já foi consolidada. Acredito que vai ser aberto
um novo inquérito porque surgiu uma nova informação. O objetivo é o de
apurar a participação do avô na prática delitiva, não como coautor, mas
como partícipe. Nesta suposição, ele teria colaborado para que o crime
ocorresse", explicou.
Apesar disso, Pantaleão considera difícil que de uma eventual
investigação decorra uma denúncia formal por parte do Ministério Público
contra Antônio Nardoni. "É um depoimento muito tênue, muito frágil. Só
palavras acabam sendo indícios muitos fracos. Ganharia robustez com
algum tipo de prova. Não mudou absolutamente nada em relação àquela
ocasião (da primeira investigação)”, justificou.
A funcionária que trouxe à tona esta nova informação, por outro lado,
pode ser alvo de ações criminal, por calúnia, e civil, por danos moral e
material, no entender dos especialistas. "Se não comprovar (a
denúncia), ela terá praticado um crime de calúnia e pode ter de pagar
indenização por dano moral. Pode responder até por dano material, caso o
avô da Isabella que tenha perdido clientes por conta desta denúncia. As
consequências podem ser desastrosas para a funcionária”, disse
Pantaleão.
Toron, por sua vez, concorda com a possibilidade de a funcionária ser
processada, mas considera difícil que venha a ser condenada em qualquer
ação criminal ou civil. "Quando muito ela pode vir a ser acusada por
calúnia, mas daí é palavra (dela) contra palavra (da Anna Carolina
Jatobá. Mesmo que ela tivesse gravado a conversa, a Jatobá poderia
alegar que conta difrentes versões do fato para se manter na defensiva",
afirmou.
Novo depoimento
Uma mulher que trabalha no sistema penitenciário de São Paulo declarou
ao Ministério Público que Antônio Nardoni pode ter participação na morte
da menina de 5 anos, informou o Fantástico neste domingo. Ela diz ter
ouvido a revelação dentro da prisão onde Anna Carolina Jatobá, madrasta
de Isabella, cumpre pena pelo assassinato. O avô nega qualquer
envolvimento no crime: "Nunca faria isso".
A funcionária revelou que Anna Jatobá assumiu, em conversa dentro do
presídio em 2008, ter batido na menina e contou que o marido, Alexandre,
jogou a própria filha pela janela. “Foram os primeiros dias dela
naquela unidade. Ela tinha muito medo do convívio com as outras presas”,
contou.
Do lado de fora da cadeia, a madrasta sempre negou participação no
assassinato. Em entrevista ao Fantástico no ano do crime, ela jurou
inocência. “Somos totalmente inocentes. Eu nunca levantei um dedo. Nunca
falei um nada. Nunca nem gritei com ela”, disse na época.
A funcionária contou que Anna Carolina também citou, dentro do
presídio, o envolvimento do pai de Alexandre no caso. “Ela falou que o
sogro mandou, orientou os dois a simular um acidente. Eu ouvi da boca
dela, olho no olho”, disse a mulher, que prefere não se identificar.
E deu outros detalhes do dia do crime, segundo versão da testemunha.
“Eles foram no supermercado, fizeram uma compra com as crianças. Não
levaram a compra para casa. O cartão não passou, deu algum problema. Aí,
estavam nervosos”, disse.
De acordo com a funcionária do sistema carcerário, Anna Jatobá contou
que bateu com violência na enteada dentro do carro da família. “Falou
que ela bateu na menina porque a menina não parava de encher o saco. Que
a menina estava enchendo muito o saco. Que não era para ser tão grave.
Pensou que matou, pensou que a menina estivesse morta.” “Ela fala que
não estrangulou a menina. Que ele colocou a menina no chão, acreditando
que a menina estivesse morta, enquanto ela ligava para o sogro.”
Ainda segundo a funcionária, na conversa com o sogro Antônio Nardoni, a
madrasta da menina teria ido direto ao ponto. “Falou para o sogro que
matou a menina e ele falou: ‘simula um acidente. Senão, vocês vão ser
presos’. Aí, tiveram a ideia de jogar a menina pela janela. Que o
Alexandre só jogou a filha porque acreditava que ela estivesse morta e
que ele entrou em choque depois que jogou. Desceu, e a menina estava
viva.”
Na época do crime, com a quebra do sigilo telefônico do casal, ficou
comprovado que, a partir das 23h51 da noite da morte de Isabella,
Antônio Nardoni e Anna Jatobá conversaram durante 32 segundos. “A
ligação teria sido feita logo depois do corpo ter sido jogado. É isso
que a investigação indicou. Mas nós temos que apurar se havia outro
telefone, usaram outro celular? Não sei, nós temos que ver agora”, disse
Francisco Cembranelli, promotor do caso.
Denúncia
A funcionária disse que Anna Jatobá nunca denunciou o sogro porque é
ele que sustenta toda a família. “Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela
recebe muita coisa de fora. Coisas que outras presas não recebem.
Vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial.
Foi presente do seu Nardoni para ela. Porque estava dando problema na
coluna dela o colchão da penitenciária”, contou.
Na terça-feira passada, a mulher procurou o Ministério Público e
prestou um depoimento oficial. “Na verdade, eu queria denunciar a partir
do momento que eu ouvi. Essa história me pesava a consciência, saber de
um crime e não denunciar. Eu só não sabia um meio legal de denunciar
sem me comprometer”, afirmou.
O Ministério Público garantiu o sigilo. “Ninguém saberá o nome ou
qualquer identidade dessa testemunha. Se as investigações evoluírem, é
claro que é possível que surja um novo júri”, diz o promotor Paulo José
de Palma, que ouviu o novo relato.
Cembranelli disse que o avô chegou a ser investigado na época. “Durante
a investigação, havia suspeitas, sim. Porque houve um contato do casal
com o pai num momento muito próximo ao crime. Suspeitou-se de
participação, mas nós não conseguimos na investigação também trazer
responsabilidade para outras pessoas. Por isso, somente o casal foi
denunciado.”
As revelações feitas pela testemunha podem repercutir imediatamente. O
depoimento dela será analisado nesta semana por uma promotora do Fórum
de Santana, onde tramita o caso Isabella. Depois, policiais devem ouvir
Anna Jatobá, Antônio Nardoni e a testemunha que fez a denúncia. “O que
eu ouvi foi o que eu falei em depoimento e o que eu falo agora. Eu tenho
convicção que a Anna Carolina não mentiu para mim. Eu não sei se ela
vai repetir isso agora, se ela vai assumir.”
Versão do casal
O casal Nardoni sempre negou o crime e mantém a versão de que um
criminoso invadiu o apartamento e matou Isabella. Anna Jatobá não quis
gravar entrevista ao Fantástico sobre a nova denúncia. Antônio Nardoni
disse que jamais falou para a nora simular um acidente.
“As pessoas, às vezes, agem como se eu fosse o monstro da história. Eu
tenho a minha consciência tranquila. Eu nunca faria isso. Quando ela
ligou, ela ligou dizendo que a Isabella tinha caído. Mas eu achei que a
Isabella tinha caído, caído no apartamento. A gente nunca imagina uma
coisa dessa. Não teve nada além disso. A gente só tem a lamentar que uma
pessoa dessa faça uma coisa dessa para prejudicar quem não está mexendo
com ela”, afirmou o avô da menina.
Sobre a denúncia de que ele compra o silêncio da nora, com regalias na
cadeia, Antônio Nardoni negou. “O que eu faço por ela é uma coisa que,
primeiro, é permitido. Segundo, é um pedido do Alexandre. Para não
deixar faltar nada para ela nem para os filhos. E a gente realmente não
deixa faltar. Ela tem um problema de coluna. A diretoria, mediante o
relatório médico, autorizou a entrada do colchão. E a gente levou o
colchão. Vou defendê-los enquanto eu viver, está certo? É porque eu
tenho absoluta convicção de que eles não fizeram nada. E eu também não
fiz nada.”
A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou que Anna Carolina
Jatobá ganhou um colchão com altura maior do que os das outras presas.
Advogados, no entanto, consideram 'frágil' denúncia feita por funcionária.
MP vai ouvir Antônio Nardoni e Anna Jatobá antes de decidir por inquérito.
Advogados criminalistados consultados pelo
G1
divergiram em relação à abertura de um inquérito criminal para
investigar uma eventual participação do advogado Antônio Nardoni, pai de
Alexandre Nardoni e sogro de Anna Carolina Jatobá, na morte da neta
Isabella, em 29 de março de 2008.
Antônio Nardoni foi citado em novo depoimento sobre o caso da morte da
criança. Uma funcionária do presídio onde Anna Carolina Jatobá está
presa pelo homicídio afirma que o avô de Isabella teria aconselhado seu
filho, Alexandre Nardoni, e a nora a forjarem um acidente no dia da
morte da neta. A nova versão, que teria sido contada à funcionária pela
própria Jatobá, foi apresentada com exclusividade pelo
Fantástico de domingo (7).
Advogado da família Nardoni, Roberto Podval
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Segundo os promotores do caso, a menina foi asfixiada em 29 de março de
2008 pela madrasta e depois jogada pela janela do 6º andar pelo pai,
Alexandre Nardoni. O casal vivia em um prédio na Zona Norte de
São Paulo.
Dois anos depois, Anna Jatobá foi condenada a 26 anos de cadeia e
Alexandre, a 31 anos de prisão. Os dois continuam em presídios de
Tremembé, no interior de São Paulo.
O advogado de Antônio Nardoni, Roberto Podvall, afirmou que a acusação
contra seu cliente é "totalmente sem nexo" e que “não tem lógica
nenhuma”.
“Nós precisamos entender o que que é isso, o que ela falou no
depoimento. Vou ter acesso às informações primeiro e só depois vou ver o
que fazer em relação a essa pessoa que o acusou”, disse.
Para o criminalista Alberto Zacharias Toron, o depoimento da
funcionária do presídio é insuficiente para que tenha início uma
investigação contra Antônio Nardoni. No entender do especialista, o fato
de Alexandre Nardoni ter ligado para o pai para consultá-lo sobre o
ocorrido com Isabella trataria-se apenas de "uma consulta inócua".
"Quando muito teríamos a instigação (por parte do avô de Isabella) para a
prática de fraude processual (tentar encobrir a realidade do crime).
Mas, se este crime (o de fraude processual) existe, já prescreveu",
justificou.
Na visão de outro criminalista, o advogado Leonardo Pantaleão, no
entanto, a informação nova fornecida pela funcionária, cuja identidade
está sendo mantida em sigilo, é motivo, sim, para que um inquérito seja
aberto. "Não se trata de reabrir o inquérito anterior, cuja
materialidade do crime já foi consolidada. Acredito que vai ser aberto
um novo inquérito porque surgiu uma nova informação. O objetivo é o de
apurar a participação do avô na prática delitiva, não como coautor, mas
como partícipe. Nesta suposição, ele teria colaborado para que o crime
ocorresse", explicou.
Apesar disso, Pantaleão considera difícil que de uma eventual
investigação decorra uma denúncia formal por parte do Ministério Público
contra Antônio Nardoni. "É um depoimento muito tênue, muito frágil. Só
palavras acabam sendo indícios muitos fracos. Ganharia robustez com
algum tipo de prova. Não mudou absolutamente nada em relação àquela
ocasião (da primeira investigação)”, justificou.
A funcionária que trouxe à tona esta nova informação, por outro lado,
pode ser alvo de ações criminal, por calúnia, e civil, por danos moral e
material, no entender dos especialistas. "Se não comprovar (a
denúncia), ela terá praticado um crime de calúnia e pode ter de pagar
indenização por dano moral. Pode responder até por dano material, caso o
avô da Isabella que tenha perdido clientes por conta desta denúncia. As
consequências podem ser desastrosas para a funcionária”, disse
Pantaleão.
Toron, por sua vez, concorda com a possibilidade de a funcionária ser
processada, mas considera difícil que venha a ser condenada em qualquer
ação criminal ou civil. "Quando muito ela pode vir a ser acusada por
calúnia, mas daí é palavra (dela) contra palavra (da Anna Carolina
Jatobá. Mesmo que ela tivesse gravado a conversa, a Jatobá poderia
alegar que conta difrentes versões do fato para se manter na defensiva",
afirmou.
Novo depoimento
Uma mulher que trabalha no sistema penitenciário de São Paulo declarou
ao Ministério Público que Antônio Nardoni pode ter participação na morte
da menina de 5 anos, informou o Fantástico neste domingo. Ela diz ter
ouvido a revelação dentro da prisão onde Anna Carolina Jatobá, madrasta
de Isabella, cumpre pena pelo assassinato. O avô nega qualquer
envolvimento no crime: "Nunca faria isso".
A funcionária revelou que Anna Jatobá assumiu, em conversa dentro do
presídio em 2008, ter batido na menina e contou que o marido, Alexandre,
jogou a própria filha pela janela. “Foram os primeiros dias dela
naquela unidade. Ela tinha muito medo do convívio com as outras presas”,
contou.
Do lado de fora da cadeia, a madrasta sempre negou participação no
assassinato. Em entrevista ao Fantástico no ano do crime, ela jurou
inocência. “Somos totalmente inocentes. Eu nunca levantei um dedo. Nunca
falei um nada. Nunca nem gritei com ela”, disse na época.
A funcionária contou que Anna Carolina também citou, dentro do
presídio, o envolvimento do pai de Alexandre no caso. “Ela falou que o
sogro mandou, orientou os dois a simular um acidente. Eu ouvi da boca
dela, olho no olho”, disse a mulher, que prefere não se identificar.
E deu outros detalhes do dia do crime, segundo versão da testemunha.
“Eles foram no supermercado, fizeram uma compra com as crianças. Não
levaram a compra para casa. O cartão não passou, deu algum problema. Aí,
estavam nervosos”, disse.
De acordo com a funcionária do sistema carcerário, Anna Jatobá contou
que bateu com violência na enteada dentro do carro da família. “Falou
que ela bateu na menina porque a menina não parava de encher o saco. Que
a menina estava enchendo muito o saco. Que não era para ser tão grave.
Pensou que matou, pensou que a menina estivesse morta.” “Ela fala que
não estrangulou a menina. Que ele colocou a menina no chão, acreditando
que a menina estivesse morta, enquanto ela ligava para o sogro.”
Ainda segundo a funcionária, na conversa com o sogro Antônio Nardoni, a
madrasta da menina teria ido direto ao ponto. “Falou para o sogro que
matou a menina e ele falou: ‘simula um acidente. Senão, vocês vão ser
presos’. Aí, tiveram a ideia de jogar a menina pela janela. Que o
Alexandre só jogou a filha porque acreditava que ela estivesse morta e
que ele entrou em choque depois que jogou. Desceu, e a menina estava
viva.”
Na época do crime, com a quebra do sigilo telefônico do casal, ficou
comprovado que, a partir das 23h51 da noite da morte de Isabella,
Antônio Nardoni e Anna Jatobá conversaram durante 32 segundos. “A
ligação teria sido feita logo depois do corpo ter sido jogado. É isso
que a investigação indicou. Mas nós temos que apurar se havia outro
telefone, usaram outro celular? Não sei, nós temos que ver agora”, disse
Francisco Cembranelli, promotor do caso.
Denúncia
A funcionária disse que Anna Jatobá nunca denunciou o sogro porque é
ele que sustenta toda a família. “Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela
recebe muita coisa de fora. Coisas que outras presas não recebem.
Vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial.
Foi presente do seu Nardoni para ela. Porque estava dando problema na
coluna dela o colchão da penitenciária”, contou.
Na terça-feira passada, a mulher procurou o Ministério Público e
prestou um depoimento oficial. “Na verdade, eu queria denunciar a partir
do momento que eu ouvi. Essa história me pesava a consciência, saber de
um crime e não denunciar. Eu só não sabia um meio legal de denunciar
sem me comprometer”, afirmou.
O Ministério Público garantiu o sigilo. “Ninguém saberá o nome ou
qualquer identidade dessa testemunha. Se as investigações evoluírem, é
claro que é possível que surja um novo júri”, diz o promotor Paulo José
de Palma, que ouviu o novo relato.
Cembranelli disse que o avô chegou a ser investigado na época. “Durante
a investigação, havia suspeitas, sim. Porque houve um contato do casal
com o pai num momento muito próximo ao crime. Suspeitou-se de
participação, mas nós não conseguimos na investigação também trazer
responsabilidade para outras pessoas. Por isso, somente o casal foi
denunciado.”
As revelações feitas pela testemunha podem repercutir imediatamente. O
depoimento dela será analisado nesta semana por uma promotora do Fórum
de Santana, onde tramita o caso Isabella. Depois, policiais devem ouvir
Anna Jatobá, Antônio Nardoni e a testemunha que fez a denúncia. “O que
eu ouvi foi o que eu falei em depoimento e o que eu falo agora. Eu tenho
convicção que a Anna Carolina não mentiu para mim. Eu não sei se ela
vai repetir isso agora, se ela vai assumir.”
Versão do casal
O casal Nardoni sempre negou o crime e mantém a versão de que um
criminoso invadiu o apartamento e matou Isabella. Anna Jatobá não quis
gravar entrevista ao Fantástico sobre a nova denúncia. Antônio Nardoni
disse que jamais falou para a nora simular um acidente.
“As pessoas, às vezes, agem como se eu fosse o monstro da história. Eu
tenho a minha consciência tranquila. Eu nunca faria isso. Quando ela
ligou, ela ligou dizendo que a Isabella tinha caído. Mas eu achei que a
Isabella tinha caído, caído no apartamento. A gente nunca imagina uma
coisa dessa. Não teve nada além disso. A gente só tem a lamentar que uma
pessoa dessa faça uma coisa dessa para prejudicar quem não está mexendo
com ela”, afirmou o avô da menina.
Sobre a denúncia de que ele compra o silêncio da nora, com regalias na
cadeia, Antônio Nardoni negou. “O que eu faço por ela é uma coisa que,
primeiro, é permitido. Segundo, é um pedido do Alexandre. Para não
deixar faltar nada para ela nem para os filhos. E a gente realmente não
deixa faltar. Ela tem um problema de coluna. A diretoria, mediante o
relatório médico, autorizou a entrada do colchão. E a gente levou o
colchão. Vou defendê-los enquanto eu viver, está certo? É porque eu
tenho absoluta convicção de que eles não fizeram nada. E eu também não
fiz nada.”
A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou que Anna Carolina
Jatobá ganhou um colchão com altura maior do que os das outras presas.