terça-feira, 9 de abril de 2013

No Recife, barracas e fiteiros serão retirados do entorno de escolas

Primeira ação ocorre nesta terça (9), em Beberibe, Zona Norte da capital.
Prefeitura construirá espaços para vendedores no mercado do bairro.

Sadoque José prefere a segurança de dentro do Mercado do que a violência da rua. (Foto: Lorena Aquino/G1)Sadoque prefere a segurança do mercado a ficar exposto
na rua. (Foto: Lorena Aquino/G1)
A Prefeitura do Recife vai retirar, a partir desta terça-feira (8), barracas e fiteiros irregulares situados no entorno de escolas públicas da cidade. A operação começa pela Escola Pedro Celso, na rua Uriel de Holanda, no bairro de Beberibe, Zona Norte da capital, às 9h. Alguns dos vendedores autônomos que ocupam a calçada da unidades de ensino serão levados para o Mercado de Beberibe. A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife informou que, além da ação no entorno da Escola Pedro Celso, outras fiscalizações ocorrerão em escolas que ainda estão sendo levantadas. Os bairros das Graças, do Derby e de Dois Unidos, todos na Zona Norte, também serão contemplados com a reordenação do comércio informal.
Ao todo, há 36 barracas próximas à Escola Pedro Celso, que oferecem vários tipos de serviços: venda de roupas, lanches, sorvetes, além de técnicos que realizam consertos em geral. O vendedor Sadoque José Viana, 58, comercializa lanches há 8 anos na Rua Uriel de Holanda e está satisfeito com a mudança. “Vai ser melhor. Aqui o pessoal faz xixi na rua, é quente e já tentaram arrombar minha venda duas vezes”, conta. “Frequentemente os alunos da escola vêm aqui, compram lanches, mas lá dentro do mercado vai ter mais segurança e mais higiene para nós”, acredita.
Dona Raimunda não gostou da ideia de ser relocada para dentro do Mercado de Beberibe (Foto: Lorena Aquino/G1)Raimunda não gostou da ideia de ser relocada para o
Mercado de Beberibe. (Foto: Lorena Aquino/G1)
Já a comerciante Raimunda da Silva, 59, não aprova a mudança promovida pela Prefeitura. Ela vende lanches, salgados e refrigerantes e diz que os alunos da escola são seus principais clientes. “Quando tem aula, eu vendo cerca de 70 salgados por dia. Sem aula, vendo uns dez”, conta, acrescentando que vai ter prejuízo. “Indo para o mercado vai ser mais difícil para mim. Aqui, os meninos me chamam, gostam de mim. Lá não vai ter movimento e também vai ser difícil para eles comprarem os lanches deles”, lamenta. Raimunda também não gostou das pequenas bancas que estão sendo construídas dentro do mercado para abrigar os novos vendedores. “Mal vai caber minha geladeira! Como eu vou fazer para colocar o equipamento lá dentro?”, teme a vendedora.
Na Zona Sul da capital, barracas no entorno de escolas também são vistas por toda parte. Em Brasília Teimosa, os fiteiros se multiplicam nas proximidades da Escola Municipal Van Leer, onde estuda Maria Luiza, que só tem 5 anos. "A gente não deixa ela comprar nada fora da escola, porque é a gente quem compra o lanche dela", afirmou a avó da menina, Nagilda Nascimento. Ela é a favor da reordenação do comércio porque preocupa-se com a venda de bebidas alcoólicas.
No Recife, barracas e fiteiros serão retirados do entorno de escolas (Foto: Priscila Miranda / G1)Nagilda preocupa-se com a venda de bebidas
alcoólicas nas proximidades das escolas.
(Foto: Priscila Miranda / G1)
"Muitas vendem salgadinhos, aí tudo bem. Agora as que vendem bebidas eu acho uma boa saírem", afirma, acrescentando que se divide com a filha para buscar a neta na escola e que não deixa a menina sair sozinha do colégio. "A gente não deixa ela comprar nada fora da escola, porque é a gente quem compra o lanche dela", comentou Nagilda.

A professora Poliana Renata, que ensina no quarto ano do ensino fundamental da Escola Municipal Engenheiro Henoch Coutinho de Melo, também em Brasília Teimosa, conta já ter visto alunos adultos consumindo bebidas alcoólicas nas proximidades da unidade de ensino. "De dia eu não vejo, até porque os meninos são pequenos, agora, à noite, horário de estudo dos que frequentam o ProJovem, dia de quinta e sexta muitos espetinhos são montados na rua, parece até uma praça de alimentação. Aí é mais comum bebida ", relata.
De acordo com a secretária executiva de Controle Urbano-Recife, Cândida Bonfim, alguns dos serviços oferecidos não são adequados. “Foram constatados também barracas de serviços tais como consertos de ventiladores, relógios, chaveiros, um comércio que não condiz com o ambiente escolar”, diz a secretária. “Se algum comerciante quiser levar a barraca, pode levar para outra área que não seja de colégios”, explica.
O procurador-geral da Justiça, Aguinaldo Fenelon, acredita que os fiteiros servem de pontos de apoio para pessoas que vão cometer crimes. “No ano passado, recomendei a todos os prefeitos que retirassem as barracas que, além de vender bebidas alcoólicas, drogas lícitas e ilícitas, também atrapalham a mobilidade nas calçadas”, diz o procurador-geral. “Existe uma lei estadual que proibe o comércio de bebidas alcoólicas no perímetro de segurança de 100 metros, durante o funcionamento da escola, que não é cumprido. O perímetro de segurança escolar também combate a violência”, declara.
A ação de reordenamento é uma parceria entre a Secretaria-Executiva de Controle Urbano (Secon), Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Gerência de Operações (Geop), Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Guarda Municipal e Polícia Militar.
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Barracas serão retiradas da rua do colégio Pedro Celso, em Beberibe, Zona Norte do Recife. (Foto: Lorena Aquino/G1)

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