quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Casas da família de PMs morta em SP têm marcas de sangue e tiro


Fantástico entrou nos imóveis onde ocorreram mortes no início deste mês.
Chefe dos peritos diz que eles chegarão à 'conclusão técnica convincente'.


Nas duas casas onde viviam a família Pesseghini na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, ainda é possível ver marcas de sangue e de um tiro na parede. O Fantástico teve acesso à residência onde as cinco pessoas morreram no início deste mês. A polícia aponta como principal suspeito do crime Marcelo Pesseghini, de 13 anos, que teria matado o pai, a mãe, a avó e uma tia-avó e depois se suicidado.
As investigações apontam, até agora, que o garoto assassinou com tiros na cabeça os pais, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, e a cabo Andreia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, a avó materna Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e a tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos. Em seguida, ele teria se matado com um disparo na cabeça. A arma usada foi uma pistola .40 da mãe.
Em uma das casas vivia a avó do garoto. A irmã mais nova dela, Bernadete, também morava no imóvel. Ainda é possível ver as marcas de sangue na parede ao lado da cama onde elas dormiam. Dentro da casa dos pais de Marcelo, há uma marca de tiro na parede, assinalada com o número seis. Alguns objetos pessoais do garoto, como cadernos escolares, ainda estão no local, assim como remédios e seringas. O jovem tomava insulina para diabetes e sofria de fibrose cística. Também há jogos que o menino tanto gostava.
A chefe dos peritos explica a busca por evidências nos imóveis: “em caso de suicídio, obviamente, é muito importante a posição  do cadáver. Se ela deu um tiro na cabeça, se é possível a posição da cabeça, em que posição foi o orifício de entrada daquele tiro”, afirma Norma Sueli Bonaccorso. Com o resultado da perícia, a polícia poderá esclarecer o que aconteceu. “É um caso muito triste, mas não é difícil. Os peritos vão chegar a uma conclusão técnica convincente”, garante.
Uma semana depois da chacina e do trabalho dos peritos, parentes dos Pesseghini puderam tirar objetos de valor, móveis, roupas e um pouco da história da família. Por isso, os imóveis que dividem o mesmo terreno na Brasilândia estão praticamente vazios.
Depoimentos
A polícia ouviu 41 pessoas para tentar esclarecer o caso. De acordo com depoimentos dados à Polícia Civil de São Paulo por cinco colegas de escola de Marcelo, o adolescente se queixava que se sentia "sozinho" mesmo quando seus pais, que eram policiais militares, voltavam cansados do trabalho. Está sendo investigado se o casal passava por alguma crise conjugal e se isso poderia ter contribuído de algum modo para o estudante de 13 anos cometer os crimes. Os parentes da vítima não acreditam que o garoto seja o assassino.
O DHPP pretende ouvir ainda na próxima semana mais dois amigos do colégio que teriam aparecido caminhando ao lado de ‘Marcelinho’, como era chamado, em imagens gravadas por câmeras de segurança. A investigação também quer colher os depoimentos de cinco policiais militares que poderiam ter entrado nas residências onde as vítimas foram encontradas mortas.
Também são aguardados os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC), da Política Técnico-Científica, para corroborar com a tese de que Marcelinho assassinou os parentes.
Crime em família SP 08/08 (Foto: Arte/G1)
O motivo dos assassinatos e do suposto suicídio ainda não são conhecidos. O objetivo dos policiais com os depoimentos e com os laudos é o de traçar o perfil psicológico do garoto de 13 anos; tentar esclarecer o caso e entender quais teriam sido as razões que levaram Marcelinho, o único suspeito, a cometer os crimes. Entre as hipóteses estão a de surto psicótico desencadeado por algum grande trauma.
 Quando não estava em casa, o garoto ia para a escola ou estava fazendo tratamento contra uma doença genética que tinha. Segundo relatos de testemunhas, ficava a maior parte do tempo em casa, mesmo durante as brincadeiras com amigos que possuía.

Game
Desde o dia dos crimes, algumas informações levadas ao conhecimento do DHPP, principalmente por conta dos depoimentos dos colegas, mostram que Marcelinho havia criado um grupo, “Os Mercenários", inspirado no game "Assassins Creed". Um mês antes da tragédia, o suspeito havia colocado a foto do personagem principal do jogo na sua página pessoal do Facebook.

Segundo autoridades ligadas à investigação, no grupo "Os Mercenários" havia uma lista com nomes de desafetos que deveriam ser mortos. Um dos nomes seria o da diretora do Colégio Stella Rodrigues, Maristela Rodrigues.
Ganhariam pontos quem matasse parentes num paralelo com o game, que dá pontos ao jogador. Para os colegas, no entanto, o grupo seria uma diversão e não havia intenção de ser colocado em prática.
A influência do jogo de videogame foi citada também pelo advogado Arles Gonçalves Júnior, presidente da comissão de segurança da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). Ele afirmou que os depoimentos prestados revelam que o menino apresentou uma mudança de comportamento influenciada pelo jogo de videogame.

No dia 8 deste mês, a desenvolvedora de games Ubisoft, criadora do jogo Assassin's Creed, divulgou nota de repúdio à ligação feita entre o jogo e o assassinato da família Pesseghini.
O computador da família Pesseghini, que foi apreendido pela polícia, está sendo analisado para ajudar a traçar o perfil.

Flechada
Segundo um dos colegas ouvidos, Marcelinho disse que havia tentando dar uma flechada na avó, mas não tinha conseguido

No dia do crime, Marcelo estava cabisbaixo dentro da sala de aula, e um dos amigos perguntou, brincando: 'tentou matar a avó de novo e não conseguiu?' Marcelo respondeu 'não, hoje consegui'. Um dos meninos disse também que naquele dia antes de entrar na sala de aula, Marcelo foi pra uma roda de amigos e disse ‘hoje matei meus pais’.

Um dos garotos falou que um dia Marcelo chegou à escola com um ferimento no rosto. O amigo perguntou o que era. Ele disse que havia atirado com uma pistola .40, e o tranco da arma o machucou.

Outro depoimento revelou que um dia Marcelo chegou à escola orgulhoso e contente dizendo ‘hoje meu pai matou dois bandidos’. Uma funcionária da escola que também já depôs, revelou que os pais foram chamados e advertidos que não deveriam fazer esse tipo de comentário perto dele.

Crime
Para a polícia, Marcelinho assassinou a família entre a noite do dia 4 e a madrugada do dia 5. A investigação aponta que, depois, ele foi para o Colégio Stella Rodrigues com o carro da mãe de madrugada, assistiu às aulas pela manhã, confessou os crimes a colegas, retornou de carona para a residência da família na Brasilândia, e se suicidou.

Novas imagens de câmeras de segurança mostram os dois colegas deixando a escola ao lado de Marcelinho, no dia 5 de agosto. Cerca de dez minutos depois, ele atravessa a rua e pega carona com o pai de um outro amigo para ir para casa.
Na quarta-feira (21), o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazek, disse que, apesar das investigações ainda não terem terminado, todas as evidências apontam para Marcelinho como autor dos crimes.
Laudos necroscópicos e da cena do crime que estão sendo feitos pela Polícia Técnico-Científica devem ficar prontos nos próximos dias. Para parentes das vítimas, Marcelinho não é o assassino. Eles acham que os crimes foram cometidos por bandidos.
Veja o site do Fantástico.

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