O Fantástico conversou com os pais que, ao reconhecerem o filho na TV em protesto em SP, foram até o local para convencê-lo a voltar pra casa.
Pai e filho discutindo a relação para o Brasil inteiro ver! O Fantástico foi conhecer essa família da zona leste de São Paulo.
Pai: Renan, vamos pra casa, por favor, Renan!
Renan: É meu direito, deixa eu ir atrás dos meus direitos.
Pai: Não, chega! Por favor, Renan. Você tem 16 anos, você é meu filho.
Em meio a tantas manifestações contra a Copa do Mundo, que começou na quinta-feira (12), uma chamou a atenção em São Paulo: uma cena comovente em que os pais de um menino de 16 anos, desesperados, foram até o protesto para tentar convencê-lo a voltar para casa.
Foram quase dez minutos de discussão em família no meio do protesto.
Pai: Quando ele pagar as contas dele, ele pode protestar.
No dia seguinte à confusão, o Fantástico encontrou a família reunida em casa, em um clima mais tranquilo.
Seu Osvaldo, motorista. Dona Edilene, professora. Dois filhos: Raquel, de 11 anos, e Renan, 16 anos. Uma família como tantas outras.
Edilene Molina Ruz Paldi, funcionária pública: Na noite anterior, ele disse para mim que numa pista de skate aqui perto de casa. A gente levantou um pouco mais tarde, tomou café e sentou pra ver o jornal. Eles começam a falar sobre o protesto que estava tendo no Metrô Carrão. Aí eu já fiquei esperta...
Fantástico: Metrô carrão, aqui perto, né, aqui na zona leste, você já ficou ligada.
O estádio onde aconteceu a partida inaugural da Copa fica próximo à casa da família. E pra lá estavam voltados os olhos e a atenção de todos naquela quinta-feira, dia da estreia do Brasil e de algumas manifestações.
Mãe: Eu olhei, pela roupa que ele estava, eu reconheci meu filho.
Os pais, preocupados, foram atrás.
Pai: Ele é meu filho, ele é meu filho.
Ranan: Eu estou no meu direito, deixa eu protestar.
Pai: Você é meu filho, você não foi criado pra isso, eu trabalho para te sustentar, não é pra você esconder a cara.
Fantástico: Não foi a primeira vez que você participou de manifestação?
Renan Molina Ruz Paldi, estudante: Não. Sempre participei.
Pai: Minha preocupação, qual que era? A integridade física dele. Por isso que a gente foi.
Renan: Deixa eu ir atrás, você não estava falando comigo, por você veio falar agora?
Pai: Eu me preocupo com você, porque eu te amo, cara
Renan: Eu tô vendo, deixa eu ir ali.
Pai: Porque você mora aqui, eu não quero que você se machuque
Renan: No movimento do passe livre, dos vinte centavos, minha mãe chegou até a ir em manifestações comigo.
Mãe: É, quando era aquela coisa pacífica, né? Eu vendo esse protesto, eu achei que ele já se descaracterizou. Ele já se perdeu.
Pai: A partir do momento que cobre o rosto e parte pro vandalismo, eu sou totalmente contrário, eu sou totalmente contrário. Não foi essa educação que a gente deu pra ele.
Pai: Não é você que vai mudar o mundo meu filho.
Renan: Mas eu tento, eu tô fazendo a minha parte.
Mãe: É, enquanto a gente vê que tem muito adolescente que não tá nem aí pra o que tá acontecendo, nós temos um em casa que tá totalmente preocupado com o que tá acontecendo ao nosso redor, né?
Renan: Eu vou fazer o quê Deixar passar da hora? Eu quero uma coisa digna.
Pai: Não vai passar da hora.
Renan: O que eu faço é de uma forma rebelde. Meu pai não gosta de rebeldia.
Fantástico: Você não vai desistir do seu filho?
Mãe: Não, eu já falei isso pra ele. Aconteça o que acontecer, eu não desisto dele.
Fantástico: Você confia na educação que eles estão te dando?
Renan: Confio. Querendo ou não, é pai e mãe. Eles estão sempre certos.
Mas, apesar de concordar com os pais, Renan deixa uma incerteza no ar.
Fantástico: O que você pretende dizer a eles em relação a isso se você já viu o susto e o sufoco que eles passaram vendo você ali?
Renan: Meu, pra mudar isso aqui, eu faço tudo.
Fantástico: É, então é complicado.G1.
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