"Segurança fechou as portas porque tinham que pagar" BRASIL, ONDE O DINHEIRO VALE MAIS QUE 245 VIDAS.
Por: Adriano Morolli
Tentávamos
puxar as mãos que apareciam entre a cortina de fumaça, relata jovem que
estava em boate Estudante de Medicina Murilo De Toledo Tiecher, 26
anos, foi um dos primeiros a sair do lugar e ajudou a socorrer vítimas
Um dos primeiros a sair da boate Kiss, em Santa Maria, quando o incêndio que
deixou 245 mortos começou, o estudante de Medicina Murilo De Toledo
Tiecher, 26 anos, relata que, por não enxergar a pista de dança, os
seguranças não entenderam o que estava acontecendo e tentaram barrar a
saída dos jovens que estavam na festa.
Ao correr para a saída, Murilo ficou prensado contra uma barra de ferro
que servia para organizar a fila na entrada. Ao conseguir pular,
deparou-se com a porta da saída fechada.
— A gente gritou 'tá pegando fogo, tá pegando fogo', mas o segurança
abriu os braços e estava tentando manter a porta fechada. Uns cinco ou
seis caras derrubaram o segurança e colocaram a porta abaixo. Era a
única saída.
Murilo conta que o incêndio começou quando foi aceso um tipo de
sinalizador no palco e as chamas alcançaram o teto. Ele relata que
estava a 10 metros do palco e que o fogo se espalhou muito rápido, em
cerca de três minutos. Quando conseguiu sair, foi um dos primeiros a
ligar para o Corpo de Bombeiros.
— Os primeiros a sair tentavam puxar quem estava lá dentro. Apareciam
mãos, braços na porta entre a cortina de fumaça. Puxamos várias pessoas.
Eu, inclusive, puxei uma guria pelos cabelos. Foi um caos, o maior
desespero.
Quando os bombeiros chegaram, quem já havia saído tentava dar direções
de onde as pessoas estavam aglomeradas. O estudante conta que pessoas
que não conheciam o local entraram nos banheiros pensando que eram
saídas.
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