Apartamento da família Nardoni ficou vazio por quase cinco anos
Imóveis são comercializados com até 30% de desconto
Montagem/R7
A maioria das pessoas, ao que parece, responderia “não”. Afinal, imóveis que foram cenários de crimes famosos na cidade de São Paulo costumam ficar encalhados ou fechados por anos a fio até que um novo morador apareça.
O apartamento da família Nardoni, por exemplo, palco da morte da menina Isabella em 2008, ficou vazio até o começo de 2013 por total falta de interessados. Na rua Cuba, no Jardim Europa, a casa onde Jorge Bouchabki e sua mulher foram mortos na véspera de Natal de 1988 permaneceu sem ninguém por 14 anos.
Para a diretora de comercialização do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), Roseli Hernandes, a superstição e a crença de que os locais teriam "energias negativas" são as principais causas da dificuldade em vender essas propriedades.
— São imóveis que sempre sofrem desvalorização. Em um primeiro momento, o preço cai muito, até 30%. Mas, com o passar dos anos, as pessoas vão se esquecendo daquele acontecimento, e aquilo tudo se apaga, fazendo o valor voltar ao normal.
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Segundo Roseli, ainda que se trate de um “fator apenas psicológico”, já que o histórico negativo não chega a ser um problema palpável que possa prejudicar os novos moradores, é recomendável que os corretores informem aos interessados sobre o que aconteceu naquele local.
— É nossa obrigação apontar características que possam dificultar a convivência da pessoa e de sua família em qualquer imóvel: feiras livres na rua, vizinhança etc. Em relação aos crimes, é uma questão relativa, principalmente porque não há danos graves que possam colocar em risco o uso pacífico da casa ou do apartamento. Então, cabe ao corretor decidir se informa ou não.
Obviamente, em situações envolvendo assassinatos que ficaram famosos, é pouco provável que um novo inquilino arremate o imóvel desconhecendo sua história. Mas, e no caso das mortes naturais, que acontecem todos os dias nas cidades grandes?
Com suas casas centenárias e prédios que datam de muitas décadas atrás, São Paulo torna-se uma cidade em que é praticamente impossível acessar o histórico completo de todos os antigos moradores de um imóvel.
Sendo assim, se fica difícil saber quem morou ali, por quanto tempo e em quais circunstâncias, é ainda mais improvável ter informações a respeito de óbitos que aconteceram naquele local.
De qualquer maneira, sendo célebres ou anônimas, as mortes nos imóveis podem, sim, ser motivo para que o novo morador peça seu dinheiro de volta, como explica a diretora do Secovi.
— Quando o inquilino entra na casa sem saber do que aconteceu, só descobre um tempo depois e então se sente lesado, pode pedir para desfazer a transação e até mesmo entrar na Justiça com um processo de perdas e danos.
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