Candidata à reeleição pelo PT deu entrevista ao vivo no Jornal Nacional.
Presidente foi questionada sobre escândalos de corrupção no governo.
(Veja a íntegra da entrevista em "Dilma Rousseff é entrevistada no Jornal Nacional".)
"Criamos as condições para o país dar um salto colocando a educação no centro de tudo. E isso significa que nós queremos continuar a ser um país de classe média, cada vez maior a participação da classe média. Mais oportunidades para todos", declarou sobre a expansão do segmento.
Corrupção e PT
O jornalista William Bonner perguntou a Dilma se ela não foi "condescendente" com a corrupção já que o PT é um partido com "um grupo de pessoas comprovadamente corruptas, mas que são tratados como guerreiros, como vítimas". Ele se referia ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, que condenou e levou à prisão dirigentes do partido.
Questionada quatro vezes sobre o assunto, a presidente não respondeu (assista ao trecho).
"Eu sou presidente. Eu não faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados pelo Supremo Tribunal. A Constituição exige do presidente da República que nós respeitemos e consideremos a autonomia dos outros órgãos. Eu não julgo as ações do Supremo. Eu tenho opiniões pessoais. Durante o processo inteiro não manifestei nenhuma opinião. Não vou tomar nenhuma posição que me coloque em confronto, em conflito, aceitando ou não. Eu respeito as decisões da Suprema Corte brasileira", declarou.
Sobre corrupção na administração federal, disse que, nos dois governos do PT, nenhum procurador-geral da República foi chamado de "engavetador-geral da República".
Segundo a presidente, nem todas as pessoas denunciadas nos escândalos foram punidas pelo Judiciário porque nem todas as denúncias apresentadas na mídia, afirmou, foram comprovadas.
Questionada sobre a substituição de denunciados por pessoas dos mesmos partidos envolvidos nos escândalos, afirmou que os partidos podem fazer exigências, "mas eu só aceito quando são pessoas íntegras e competentes na área".
Na entrevista, Dilma foi indagada por Patrícia Poeta se considerava a situação da saúde "minimamente razoável", por causa das filas em hospitais, do atendimento em macas, e de exames não realizados.
Ela respondeu que "não" e admitiu que "tivemos e ainda temos muitos problemas e desafios a enfrentar na saúde".
Antes, porém, chamou a atenção para o programa Mais Médicos, dizendo que o governo teve uma "atitude corajosa" ante a necessidade de 14 mil profissionais para atender à população. Disse que chamou primeiro médicos brasileiros para contratação, mas que não foram suficientes para a demanda. Depois, médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior, que também não cobriram a necessidade.
"Na sequência, chamamos médicos cubanos, através da Opas [Organização Pan-americana de Saúde], e aí conseguimos chegar a 14.462 médicos, que, pelos dados da OMS [Organização Mundial de Saúde], correpondem a uma capacidade de atendimento de 50 milhões de brasileiros. 50 milhões de brasileiros não tinham atendimento médico. Hoje têm", declarou.
Economia
Em outro momento da entrevista, Dilma foi questionada se achava justo culpar o pessimismo ou a crise internacional por números negativos na economia e se o governo não tinha responsabilidade pelos resultados.
"Nós enfrentamos a crise, pela primeira vez no Brasil, não desempregando, não arrochando salários, não aumentando tributos – pelo contrário, diminuimos, reduzimos e desoneramos a folha, reduzimos a incidência de tributos sobre a cesta básica. Nós enfrentamos a crise também sem demitir", respondeu a petista.
Dilma apontou para uma "melhoria prevista no segundo semestre" ao ser confrontada com os recentes indicadores negativos da economia.
Ela se referiu ao que chamou de "índices antecedentes", que antecipam tendências da economia. "A quantidade de papelão que é comprada, a quantidade de energia que é consumida, a quantidade de carros que são vendidos, todos esses índices indicam uma recuperação no segundo semestre, vis a vis, o primeiro", afirmou a presidente.
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