Deputado
mais votado no país em 2010, Tiririca (PR-SP) quer voltar a ser só
palhaço. Desiludido com a política, ele disse à Folha que não disputará
mais eleições e, findo seu mandato, em fevereiro de 2015, irá se
desfiliar do PR.
Na metade da legislatura, Tiririca, que
se elegeu com a promessa de descobrir o que faz um deputado, disse que
já entendeu que “não dá para fazer muita coisa”.
O desalento, no entanto, não é a razão
para deixar o salário de R$ 26,7 mil, verba de gabinete de R$ 97.200 e
direito a apresentar R$ 15 milhões em emendas.
A justificativa é a falta de tempo para
se dedicar ao que mais gosta: fazer shows (que lhe rendem mais dinheiro
do que a Câmara). “Eu sou artista popular. Aqui me prende muito. A
procura pelos shows é enorme e não dá para fazer”, afirma ele.
Acompanhar o crescimento de sua filha de
três anos é outra razão. “Esses dias ela saiu nadando, é muito massa.”
Pai de seis filhos, Tiririca diz que não pôde estar perto dos demais e
não quer repetir o erro com a pequena.
Quando voltar aos palcos, ele promete
não fazer piada sobre político. “Quando a gente está fora acha que
deputado não faz nada, mas eles trabalham para caramba.”
Nestes dois anos na Câmara, diz ter
aprendido muito: “Aqui é uma escola. Se aprende tanto ir para o caminho
legal quanto ir para o ‘outro caminho” [diz não ter sido convidado a
entrar]. Descobriu, porém, que política não faz parte de seu projeto
pessoal.
E já deixou de lado os ternos importados
(Armani e Hugo Boss) que usava para imitar boa parte dos líderes do
Congresso. Adotou um visual mais moderno, que inclui paletó de veludo
colorido, calça jeans e gravatas inusitadas. Agora, mandou fazer camisas
personalizadas. Pediu um tecido que se adapte ao clima seco da capital.
Os novos trajes já renderam brincadeiras
entre os deputados mas também ajudam Tiririca a se entrosar. No tempo
em que está na Câmara, fez pelo menos oito amigos, entre eles seu
candidato à presidência da Câmara, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que
perdeu a disputa ontem: “É um cara bacana”.
Sobre o fato de ainda não ter discursado
na tribuna da Câmara, desconversa: “Para falar o quê? Nenhum projeto
foi aprovado. No dia que for, eu subo para agradecer”.
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