por Vera Brandimarte, Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes | De São Paulo, no Valor
Presidente de honra do PT e principal cabo eleitoral do partido, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz, em entrevista exclusiva ao Valor,
que a prioridade do PT em 2014 é reeleger a presidente Dilma Rousseff,
ainda que isso custe a candidatura petista em Estados estratégicos como
São Paulo e Rio de Janeiro.
“Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer risco. Não
podemos truncar nossa aliança com o PMDB”, diz o ex-presidente. Em São
Paulo, Lula defende a aproximação com o PSD do ex-prefeito Gilberto
Kassab e com o PTB. No Rio, elogia tanto o senador Lindbergh Farias (PT)
quanto o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Recuperado do tratamento contra um câncer, mas ainda com a voz rouca,
Lula diz que os médicos o liberaram para participar da campanha de 2014.
Sem fumar nem beber, queixa-se apenas da garganta inflamada e das unhas
quebradiças. O petista diz que prefere viajar aos Estados a articular
alianças e pretende subir em todos os palanques estaduais, inclusive em
Pernambuco, reduto do governador Eduardo Campos, pré-candidato do PSB.
Amigo de Campos, o petista afirma que a eleição não vai abalar a
amizade entre eles e que não pedirá ao presidente do PSB que desista de
concorrer. Vê com naturalidade o nome do governador na disputa, mas diz
que é cedo para tratar a pré-candidatura como definitiva.
Na primeira entrevista sobre política e economia a um jornal brasileiro
desde que deixou o cargo, Lula diz não ver problemas em viajar à África
e América Latina apoiado por empresários para mediar seus interesses.
“Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê
que eu vendo. Não tenho vergonha de continuar fazendo isso”. Sobre sua
atividade como conferencista, diz que há “pouca gente com autoridade de
ganhar dinheiro como eu”.
Em meio a elogios à presidente, o petista afirma que o Brasil “nunca
esteve em tão boas mãos”. “Nunca este país teve uma pessoa que chegou à
Presidência tão preparada como a Dilma”. Lula não descarta concorrer em
2018. “Vai que de repente precisam de um velhinho para fazer as coisas…
Mas não é minha vontade”.
Ele evita falar sobre o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal
Federal e diz que só dará opinião após o fim da análise dos recursos.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o Valor num hotel na zona sul de São Paulo depois do seminário “Novos Desafios da Sociedade”, promovido pelo jornal.
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